Resumo
Este trabalho fundamenta-se em uma reflexão a partir da pesquisa desenvolvida por Boto (2010), em que aborda os trabalhos desenvolvidos nas escolas portuguesas entre o século XIX e início do século XX, objetivando o processo civilizador do alunado. Desde o início da préescola, a passagem por esse processo era vista como essencial para que o indivíduo aprendesse a conviver no “mundo dos adultos”, ou seja, constituindo-se como cidadão-restringindo interesses individuais em prol do bem-comum. A análise elaborada pondera sobre a atualidade dessa forma de se pensar a educação da criança na Educação brasileira contemporânea. A escola preocupa-se com o cumprimento curricular de conteúdos “enciclopédicos”, que, materializados nos materiais didáticos e práticas educativas, parece continuar a visar à domesticação de corpos e mentes, e não se compromete com os pré-requisitos de formação do pensamento crítico e autônomo, essenciais para a formação dos futuros agentes de transformação social e líderes do país.
Referências
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