Resumo
A mandíbula, apesar de ser um osso resistente e pesado, está sujeita a fraturas por se localizar na região inferior da face. Em casos de acidentes de trânsito, pela brusca força gerada na movimentação da cabeça, a mandíbula absorve esta força e a projeta na face. Embora 40% de todas as fraturas de face sejam na mandíbula, sendo 21% delas na região de ângulo mandibular, o tratamento ideal para este tipo de fratura ainda é controverso. Exis-tem duas filosofias diferentes que os cirurgiões se fundamentam para a escolha da técnica a ser realizada no tratamento de fratura na região de ângulo mandibular (FAM): o primeiro grupo segue os mandamentos da AO/ASIF (Arbeitsgemeinschaft für Osteosynthesefra-gen), que acredita que os fragmentos da fratura devem ser totalmente imobilizados, ou seja, deve-se utilizar um método rígido; já o segundo grupo acredita nos fundamentos da técnica desenvolvida por Champy, em que o meio de fixação deve ser semirrígido, sem a ne-cessidade de imobilização absoluta dos cotos da fratura. Estudos recentes apontam que o uso de miniplacas proporcionam estabilidade relativa, ou seja, não há imo-bilização absoluta. A técnica tornou-se popular entre os cirurgiões por se mostrar segura, eficaz e menos invasiva, quando bem indicada. É possível concluir que não há necessidade de o cirurgião sempre optar por um único meio de fixação nos casos de fratura em ângulo mandibular. O melhor meio de fixação neste tipo de fratura deve ser escolhido de acordo com cada caso clínico, podendo ser rígido ou semirrígido, com acesso intraoral ou extraoral. O presente trabalho objetiva reali-zar um levantamento bibliográfico a respeito dos meios de fixação mais utilizados por cirurgiões especialistas no tratamento de fratura no ângulo mandibular em traumas de face, elegendo a técnica ideal para cada caso.
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